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A montanha russa da autossabotagem

Atualizado: 3 de dez.

É interessante como de pequenas formas em nosso dia a dia, acontecem situações que nos testam naquelas coisas em que evoluímos bastante, porém ainda caímos no erro de vez em quando, como todo bom ser humano. Hoje me identifiquei em mais um destes momentos em que eu vinha a algum tempo me autossabotando, me desvalidando, me julgando.


Mais cedo eu assisti um vídeo na internet que dizia para eu sentar e escrever, simples assim. Eu senti de verdade que a mensagem era direcionada para mim e o que me marcou foi: você não precisa compartilhar com o mundo, você só precisa escrever. Senta e escreve. E aqui estou.


Não vim escrever simplesmente porque alguém me disse para fazê-lo, mas porque eu entendi a profundida desta mensagem que contei de forma resumida e que possui um significado grandioso por trás.


Faz muito tempo que conheço minha paixão pela escrita, desde bem jovem eu já gostava de ler e contar minhas próprias histórias por meio de redações na escola. Foi, inclusive, por meio da redação do ENEM que recebi uma bolsa para cursar faculdade, ou seja, escrever é algo que faz parte da minha vida já há algum tempo e sempre como lazer, nunca imaginei como profissão.


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Quando saí para mochilar, levei um caderno que era uma espécie de diário para escrever quando eu sentisse vontade. Lembro que no começo eu cheguei até a pensar em fazer um blog para ir contando sobre a viagem, porém era um momento tão meu que o guardei todo para mim e, sendo bem sincera, em nenhuma fase dessa jornada tive verdadeiramente vontade de compartilhar o que eu estava vivendo até chegar o finalzinho do mochilão.


A escrita funcionava como uma forma de terapia, relaxamento e reflexão. Eu pegava meu caderno e caneta e seguia sozinha para escrever em frente à praia, geralmente. Era uma hora só minha, de mim para mim. Por isso, mantive esses momentos bem reservados e nem sequer contava para os outros que conviviam ao meu redor sobre a minha prática esporádica e importante, que me fazia muito bem. Até que depois de um certo tempo comecei a namorar e minha parceira entendia que este meu ritual nem mesmo ela poderia acessar e ler.


Quando tomei a decisão de parar de mochilar, até que isso de fato se concretizasse, passou aproximadamente 1 mês e nesse tempo me veio a vontade de compartilhar com mais pessoas como estava sendo este processo de mudança de vida. Na época era inverno e fazia bastante frio, então minhas tardes em bibliotecas se tornaram uma rotina onde os textos foram saindo naturalmente.


A intenção de início estava bem clara, eu queria escrever sobre a minha história para guardar essa redação para eu mesma ler no futuro sobre as aventuras que um dia tinha vivido mochilando. Sem roteiro, sem planejamento, sem me cobrar um formato que atraísse o público. Sem nenhuma exigência. E se por acaso, mais pessoas se interessassem pelo conteúdo, que minha vivência pudesse tocá-las de alguma forma. Simples assim.


Foi então que escrevi alguns textos, não muitos, mas todos bem significativos para mim. Fui gostando da rotina e imaginando que talvez isso pudesse vir a ser uma forma de renda quando eu estivesse de volta à minha cidade natal. Comecei a tentar então, a fazer algo mais profissional, melhorando a cara do site com conteúdos mais estruturados e planejados.


E aí eu travei.

Travei nas ideias.

Travei as vontades.

Travei a minha liberdade que foi por onde comecei.


É verdade que no meio disso tudo eu criei um ebook que é meu xodozinho. Porém, em seguida a entrega do material, eu me comprometi que voltaria a escrever mais no blog porque agora teria tempo - e não o fiz. E sabe porquê? A resposta vem do ditado que não segui: melhor feito do que perfeito.


Não é que eu não tenha vontade de escrever, não é isso. Me peguei várias vezes começando textos e parando no meio. Indo dormir com uma ideia de texto que eu achava muito boa e acordando achando a ideia um fracasso. Esses tempos mesmo, eu escrevi por uns três dias seguidos um texto que contava detalhadamente sobre o meu mochilão com a certeza que seria uma boa história dividida em vários episódios e, no meio do terceiro dia, parei de escrever crente que isso não levaria a nada.


Abandonei a escrita por uma semana, mais ou menos, até que cheguei no tal vídeo hoje me mandando escrever sem compromisso e cá estou novamente, recomeçando.


Todo esse ciclo de recomeços e incertezas e abandonos e certezas me levam ao ponto principal da mensagem que é: nos cobramos em ter um resultado final perfeito aos nossos olhos, que se não iniciar impecável não pode estar no ar, e esquecemos que antes de perfeito ele precisa estar feito. É assim que acontece a autossabotagem, a autocobrança, o auto julgamento. Nunca está bom o suficiente. Sem perceber, nós costumamos parar de fazer coisas que nos dão prazer só pelo prazer em si, por aquilo nos ser leve e despretensioso. Desistimos de tal paixão pela pressão que colocamos em nós mesmos de que “tem que dar certo”. Além de uma carga extra de expectativas de que o conteúdo precisa ser admirado pelas pessoas, validado pelos demais, compartilhado, comprado, comentado por tanta gente de fora, que esquecemos de validar por nós mesmos.


Será que se eu não tivesse deixado pra lá a ideia de que os textos tinham que estar perfeitos, mais profissionais, melhor divulgados, eu teria deixado de publicá-los? Já te respondo que não. Não, porque a minha caixa de rascunhos segue cheia de textos que eu comecei e não finalizei, ou finalizei mas não os achei bons o bastante para postar.


A gente precisa parar de se autossabotar e começar a apoiar a nós mesmos, a olhar para o que fazemos e falar: tá bom pra caramba! A mostrar nossos projetos aos outros com a confiança de saber que fizemos nosso melhor independente da validação ou não daquele ser, sem expectativas. A gente tem que parar de esperar de fora e olhar pra dentro.


É com essa mentalidade que publico este texto hoje. Voltando à minha essência e ao porquê de tudo isso ter começado, que é simplesmente a vontade de escrever sobre assuntos que me dão vontade, da forma que eu tiver vontade, quando eu tiver vontade. De forma leve e despretensiosa de novo. Faça o mesmo por você. Nem tudo tem que virar um super projeto de vida. Nem tudo o que estuda precisa ser para sua carreira. Invista em seus hobbies, para você, não para os outros. Se dedique a fazer o que gosta quando quiser e como quiser, se possível. Ninguém está vendo, só se você quiser que vejam. E se verem, esteja confiante que a sua validação você já tem ;)




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