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Aonde pertencemos e seus ciclos

Atualizado: 3 de dez.

Eu estou muito feliz de ter caído na estrada nos últimos dias, ter dado uma volta pela Espanha até chegar a data de ir ao Brasil e aqui estar agora. Eu não sinto que pertenço a Espanha, nada de errado com o país, pelo contrário, tem coisas lindas lá, mas cada um sente conexão com um canto ou alguns cantos do mundo e lá não foi assim pra mim. Para passear está lindo, para viver já não me vejo mais.


Quando pisei no Brasil foi diferente, eu me senti em casa, mesmo ainda no aeroporto. Como eu amo esse país! No avião, lembro que estava ansiosa para chegar em terras brasileiras, pra encontrar minhas amigas, minha família, pra saber que neste espaço me sinto segura e pertencente.


Agora, um lugar que me sinto em casa mesmo, é na estrada. Cada vez que me jogo nela tenho mais certeza disso. É um sentimento de paz que toma conta, só de estar observando a natureza pela janela, contemplando o mar, o céu, tudo que ali passar. Parece que eu estou no lugar certo.


Enquanto viajava de carro pela Espanha dirigindo uma campervan e olhando pro nada no meio da natureza pelo vidro do carro, eu pensava muito em como me sinto tão conectada com aquilo, que não é um lugar específico, uma crença, uma tribo, uma comunidade, é sei lá, um estado de espírito em ser viajante e apaixonada por essa vida.


Ao mesmo tempo, me questiono constantemente como posso manter isso vivo e transformar este estilo de vida numa forma de gerar renda para poder viver, já que no momento não quero me prender a empresas, trabalhos fixos, mundo corporativo com regras, mesmo que mínimas, pois entendo que elas precisam existir. Só que tudo isso não me cabe mais, pelo menos não agora. É assim que me sinto e tenho aprendido a respeitar minha intuição.


Cada vez que estou em um local de trabalho, consciente da sua importância e que temos que abrir mão de coisas do agora para conquistar outras lá na frente, me sinto presa, essa é a melhor palavra, presa. Banida da minha liberdade, da minha vontade maior, da consciência que já fiz muito isso na vida por mais que ainda eu seja nova.


Aos 14 anos eu já trabalhava e amava demais essa rotina de escritório, principalmente por ter conquistado minha independência financeira tão cedo, porque foi ela que me permitiu viver muitas coisas e usufruir da minha liberdade de hoje. Porém, tudo tem dois lados e tenho consciência também que essa mesma autonomia financeira foi a que aprisionou outra parte de mim, o tempo.


O tempo de olhar pela janela e admirar a natureza sem ter hora pra acabar. De apreciar as estrelas à noite sem a preocupação que amanhã tem que acordar cedo. O tempo de explorar o mundo com calma, sem passar por tudo correndo numa emenda de feriado. De dedicar tempo de qualidade com os amigos, brindando olhando nos olhos. O tempo de despertar sem relógio.


Aquela menina de 14 anos que já sonhava em conhecer o mundo, mas não tinha recursos para fazê-lo, foi atrás e conquistou muitas coisas e, quando viu que não eram os recursos mais que faltavam, mas sim o tempo, também foi lá e o conquistou. E agora, ela está vivendo essa liberdade da estrada, do movimento, das conexões inesperadas que tanto queria. Ao mesmo tempo, não se esquece que num futuro breve terá que conquistar outras coisas, porque uma hora as atuais já não vão caber mais também. Contudo, ela finalmente aprendeu a viver no momento presente então quando esse tal futuro chegar falamos mais disso.


E essa é a vida e suas belezas. Ciclos, sempre novos ciclos, seguimos…



Texto de 23/09/2022

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