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Atenção ao feliz 8 de março

Pensar em 8 de março é primeiro pensar em agradecer nossa linhagem de diferentes mulheres, para em seguida, dar continuidade a tudo que elas lutaram e conquistaram até aqui. Não é uma data de festas, claro que você pode celebrar, mas é uma data de atenção.


Atenção às mulheres que fazem trabalhos não renumerados de grande valor agregado e pouco valorizado. Atenção em reverenciar as incontáveis mães solo que já começaram assim ou foram deixadas pelo caminho. Não pelo companheiro, mas pelo pai.


Atenção a elas que ocupam seus espaços mesmo quando o mundo tenta comprimí-las. Mulheres que aprenderam ao longo do tempo a facilidade de identificar olhares maldosos, assobios, palavras de assédio na rua, na farmácia, no mercado, na igreja, no ciclo familiar, no grupo de amigos, dentro de casa. Quando criança, adolescente, adulta, idosa. O tal “ser comida com os olhos”. Não há sequer uma mulher no mundo que não saiba o que é isso.


Um abraço de acolhimento para as tantas mulheres que conquistaram um trabalho e nele, lutam para não serem desvalidadas. Um afeto naquelas que se preocupam se a saia não vai passar seriedade, se vão pensar que o decote está exagerado, se depois de serem mães ainda terão o emprego.


Mesmo ganhando menos que homens, em todas essas situações, elas continuam indo ao trabalho. Elas resistem.


Mulheres que foram chamadas de “boazinhas” por cumprir o que a sociedade esperava sem nem saberem da prisão interna que viviam dominadas pelo medo. Mulheres que enfrentaram esse medo e foram excluídas da sociedade por não aceitarem serem aprisionadas a tais julgamentos.

Eu sinto muito por elas.


Sinto muito também pelas rotuladas de “bonitas” em seus trabalhos, porém neles serem taxadas de burras com o tal “ela é só um rostinho bonito”. E sinto pelas rotuladas de “feias” que foram descartadas sem remorso pela foto no currículo fora do “padrão de beleza”. Padrão esse que abalou com a autoestima feminina faz décadas e que enaltece mil cirurgias e tratamentos estéticos a que custo mental? O culto da beleza.


Mas eu também agradeço.


Agradeço pelas primeiras mulheres que puderam votar a pouco mais de 90 anos atrás e assim, também me deram esse direito. Em pensar que quando minha vó nasceu, a mãe dela não votava.


E um agradecimento imenso para aquelas que lutaram pela liberdade de poder escolher seus próprios parceiros amorosos ao invés de seus pais, que permitiram que hoje nós não precisemos de autorização para trabalhar, para fazer laqueadura, para viajar, e para tantas outras coisas como simplesmente poder se expressar.


Todas essas, mulheres vivas, mulheres históricas, mulheres reais. Você, eu.


Mulheres que lutam pelo seu presente, mulheres que lutam pelo seu futuro e de suas filhas. Mulheres que pegam o bastão da luta e no fim da vida passam pra próxima, almejando um dia, viver num mundo que este bastão já não se faça necessário.


Pelas mulheres que foram silenciadas, pelas tantas outras que tentam falar nem que seja por um texto como esse. Pelas que tem consciência do quanto avançamos com o esforço de seus antepassados, pelas que se deprimem com o tanto que ainda temos que avançar, por todas aquelas que nem se atentam a nada disso.


Não somos rivais, não somos umas mais que as outras, não é uma disputa, uma competição. Somos todas mulheres. Na mesma luta. Você querendo ou não resistir. Viver já é uma sorte danada.


Texto escrito em 8 de março de 2023.

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